Vifibi
Novato
Postagens : 16 Data de inscrição : 29/01/2010 Localização : RJ Emprego/lazer : Escritor Mensagem Pessoal : Cínico
| Assunto: O Filho de Drácula - Livro II Sáb Fev 27, 2010 11:49 am | |
| Livro II: Cocaína, Sangue, e MordidasCapítulo 1: Cocaine- Spoiler:
Ele preparou as fileiras. Pegou o canudo. Chamou a mulher. Era magra, anoréxica, burra, de cabelos negros. Parecia não ter sangue, o que não o atraíra o mínimo.
If you wanna hang out you've got to take her out; cocaine.
Ele passou o canudo para ela. Ela pegou o canudo com suas mãos imundas e depravadas, e cheirou uma fileira. Ele disse para ela cheirar outra. Cheirou mais uma vez, e começou a ficar tonta.
If you wanna get down, down on the ground; cocaine.
Ele se aproximou dela, que começou a beijá-lo eroticamente. Beijou seu pescoço, e, com dentes à mostra, mordeu-a. Ela gritou de prazer misturado com dor, enquanto o homem ia lentamente depletando sua vida, sentindo o prazer da Cocaína.
She dont lie, she dont lie, she dont lie; cocaine.
A música acabou. Ele se sentia deslocado, embora eufórico. Começou a viajar, enquanto limpava a boca daquele sangue sujo. Uma pena que apenas as tolas cheirassem. Tantos sangues deliciosos, e ele tinha que beber dos mais ridículos.
Olhou ao redor, e viu o quarto sombrio. As luzes vermelhas cegavam-no, e os colchões pareciam rir. Subitamente, uma sombra que chegava a sugar a luz apareceu em sua frente.
Ela começou a aproximar-se, e ele tentou fugir, sem sucesso. Bateu nela, mas acabou gritando de dor: Seu braço fora devorado sem dó. Fugiu pela escadaria, e desmaiou.
Capítulo 2: High Voltage - Spoiler:
Ele acordou na noite seguinte, nauseado. Tentou levantar, mas acabou caindo novamente. Relaxou um pouco, e finalmente conseguiu sair do porão. Sofrera uma péssima alucinação na noite passada.
De fato, toda noite a sofria. Estava viciado, e sabia disso. Ignorou o fato, e foi de volta ao porão, lembrando-se do corpo da Mulher da Vida que tinha morrido. Desceu as escadarias, e viu seu corpo pálido contra o móvel.
Pegou-a pelos braços, e abriu a porta que dava para o forno do aquecedor - Era uma casa bem antiga -. Cortou o corpo dela em pedaços, e jogou-os um a um no fogo.
Saiu da casa da mulher, e chamou um táxi. Um Chevette parou na sua frente, amarelo. Ele entrou, e disse para o taxista: "Broadway, vinte e seis. Rápido, por favor".
- Então, você é um ator? - O taxista tentou puxar assunto. - Não. - O homem respondeu rispidamente. Mas o taxista continuou perguntando. - Trabalha com o quê? - Sou um detetive particular. Estava trabalhando num caso. - Ora! - O taxista se surpreendeu. - Que honra! Me chamo Chris. - John Wolfgang. Me chamam de Jonny the Wolf. - É uma honra, senhor Wolfgang. Uma honra, de fato. Sabe, estou tentando ser um comediante aqui em New York, mas é complicado! Não posso nem sair deste carro fora do Brooklyn, que já sou preso! - Qual era seu nome? - Christoper Julius Rock. Me chame de Chris. - Certo. Tente no "Catch a Rising Star", ali eles aceitam qualquer pessoa engraçada.
Chegaram ao endereço. John saiu do carro, depois de pagá-lo. Não disse nada, embora Chris o agradecesse pela gorjeta. Ele entrou no prédio, e subiu os andares daquele prédio decadente.
No último andar, lia-se na porta: "Wolfgang, P.I." em grandes letras garrafais. Tentou entrar silenciosamente, para não acordar sua vizinha. Dentro do apartamento, jogou suas coisas no sofá.
Olhou pela janela. Todas as casas, todos os prédios, iluminados, todos suas presas. Todos nem suspeitavam da sua natureza. Apenas algumas pessoas - E, infelizmente, uma dessas era sua vizinha - sabiam da sua real natureza. Mas todas morreriam.
Ouviu uma batida na porta. Calculou as horas, e deduziu que não fosse muito tarde. "Entre", ele disse desanimado. Ainda não tinha fome. A porta se abriu, e o destino se traçou para ele.
Capítulo 3: Girl's Got Rythm - Spoiler:
Ouviu o rangir da porta velha de seu apartamento, e por ela entrou sua vizinha. Danyelle trajava sua calça jeans habitual, embora sua blusa estivesse mais alta que o normal.
- John! John, eu fiquei preocupada! Você não vem para casa faz três dias! - Não se preocupe. Estava trabalhando. - Ainda assim, me preocupa se meu vampirinho fica o dia inteiro longe, ainda mais quando o Sol tem tanto poder... - Ela passou a mão em seu rosto. - Não me toque. - John retirou a mão dela. Embora ela fosse estonteante, e ele adorasse-a, nunca tentou nada. Talvez fizesse isso para provar para si mesmo que ainda tinha algo de humanidade em si.
Alguém bateu na porta uma outra vez. John olhou feio para Dany, e dirigiu-se à saída. Abriu-a de leve, e viu outra mulher do lado de fora. Tinha os cabelos loiros, e usava um vestido de gala. Ela chorava.
Neste ponto, Dany se divertia, sacudindo seus cabelos negros pelo escritório. John sentiu vontade de matá-la, mas impediu-se, deixando a estranha entrar. Levou-a ao seu escritório, e Dany seguiu-os.
Ela se sentou na poltrona em frente a mesa, e John parou Dany na porta.
- O que está fazendo? - John sussurou. - Trabalhando com você! - O quê? Ficou louca? Nunca! - Ora, vamos! Você mata todas as mulheres que vem aqui, vamos resolver este caso! Eu te ajudo! - John fitou-a longamente. - Tudo bem. Não irei matá-la. Mas você não irá me ajudar! - Ele zombou.
Virou-se, e entrou no escritório. Dany, sem se importar com a ameaça do vampiro, entrou logo em seguida, sentando-se do lado da mulher. John fitou-a tão furiosamente, que ela temeu que fosse matar as duas.
- Então - Começou John -, senhora... - Matthews, Lindsay Matthews. - Então, senhora Matthews, o que ocorrera? - Meu filho. Ele está sumido. Ontem eu o havia levado para um jantar formal com a família, mas, durante a volta, nosso carro bateu, e capotou. Meu marido morreu instantaneamente, e meu filho fugiu. Eu desmaiei, e, assim que acordei, comecei a procurar por ele, mas não o achei em lugar nenhum. Não durmo desde que então. Por favor, preciso saber aonde ele está. Pagarei qualquer preço!
Os olhos de John se acenderam de súbito. Uma cliente rica. Justo o que precisava. Sentiu seu vício crescendo dentro dele, e pulou da cadeira, com ânimo renovado.
- Senhora Matthews, não se preocupe. - Ele andou até ela, segurando suas mãos, de forma confortadora. - Ora... - Ela se assustou, retirando as mãos de seus cuidados. Suas mãos estavam geladas como pedra. - Me desculpe. Eu... Eu... - Ele estava consertando minha geladeira - Dany interveio. - Ah, isso explica. Desculpe-me, estou um pouco paranóica nestes dias perigosos. - É completamente explicável. Com seu filho sumido, e a morte de seu marido, qualquer um ficaria paranóico. - Obrigada pela compreensão. Acho que devo ir. Não durmo faz um dia, e acho que morrerei se ficar mais um minuto acordada. - Vá então. Começarei a trabalhar no seu caso neste minuto. E você - Ele desferiu o olhar para Danyelle - me ajudará.
Ela sorriu plenamente com a possibilidade de trabalhar com John - Era fascinada por vampiros -. Lindsay se retirou, exausta. John fechou a porta, reclinando-se nela.
Dany chegou por trás, abraçando-o de surpresa. Ele se virou, furioso, pensando - Com certo prazer - as punições que ela iria sofrer. Ele alcançou seu pescoço com a mão, mas desistiu, deixando-a rir dele.
- Ora, não foi tão ruim. Agora temos trabalho. - temos? Não não não. Eu tenho trabalho. Você será minha estagiária. E uma péssima estagiária, devo acrescentar. - A diferença é que você não pode transar com estagiárias. - A diferença é que eu mato estagiárias. - Tão galante... - Vá se ferrar.
Capítulo 4: What Do You Do For Money Honey- Spoiler:
Os dois saíram do prédio. Dany não poderia estar mais excitada. John não poderia estar mais irritado. Seguiram pela Broadway Blvrd. até um bar capenga do lado de um teatro.
Dany se perguntava qual o propósito daquilo, mas John entrou sem avisar. Ela entrou logo em seguida, reclamando. O viu sentado numa mesa, conversando com uma das dançarinas.
- Ora, você me arrasta até aqui, no meio de New York, para ver strippers? Se você queria algo semelhante a sexo... - Quieta. Estou tratando de negócios. Então, digamos... 200 pela noite? - Quinhentos doçura. Sou de primeira classe aqui. - Quinhentos? Fechado. Existe algum quarto aonde poderíamos...
Danyelle ficou solitária, esperando John voltar. Homens pervertidos observavam as dançarinas ao redor, e um deles - Obviamente bêbado - enconstou as mãos em seus ombros.
- Ei, garotinha, você não deveria estar ali em cima, dançando? - Tire suas mãos de mim, babaca. - Uh! Uma rebelde... Você sabe, lugar de mulher por aqui é ou dançando... Ou na cama. E já que você não está dançando... - Acho que é hora de o senhor parar de beber - John interrompeu-o, pondo a mão em seu ombro. O canto de sua boca tinha sangue. - Oh, olhe só! O cafetão da Mulher da Vida chegou! - Vá para casa, antes que eu tenha que fazer algo que o senhor não vai gostar.
O homem tentou pegar uma faca. Um estouro ecoou pelo ar, enquanto ele caia morto. John segurava uma pistola. Pedaços do cérebro dele estavam espalhados pelo chão.
- Isto - Ele tirou uma nota de US$ do bolso, pondo-a na mesa - É pelo estrago. Não se preocupem. Sou um policial.
Saíram os dois. Dany ainda estava um pouco horrorizada com a cena. Tentou falar, mas acabou vomitando na calçada. Bateu nele, às lágrimas. Não desviou, mas segurou seus braços.
- Seu monstro! - Não sou monstro algum. Aquele idiota ia estuprar você. - Mas não era motivo para matar! Seu idiota, babaca, monstro! - A vida - Ele acariciou seu rosto, sentindo um prazer diabólico -, nada mais é que a perversão ilusória da morte. Todos vocês morrerão. Eu apenas antecipei o fato. - Você acha que a vida é algo que pode ser tirada a bel-prazer? - Todos merecem morrer. Inclusive eu. A diferença é que estou amaldiçoado a estar aqui para sempre. Vocês podem ir para outro lugar.
Dany tentou fugir, mas foi impedida. Ele não a deixaria fugir. Ela tentou como pôde, apenas para ser impedida novamente. Desistiu, e sentou na calçada, deprimida. John sentou ao lado dela, sério.
- Agora que você viu como minha "Vida" é, você tem duas escolhas. - Quais são? - Aceitar isso... - Ou? - Morrer.
Dany ficou quieta por algum tempo.
- O que você fez com aquela prostituta? - Estava tremendo. Precisava de alguma coisa para me acalmar, e não consigo mais engolir, fumar, ou cheirar. Só consigo isso se a substância estiver no sangue. - Então... - Eu droguei-a, e bebi seu sangue. Estou mais calmo agora. - Me diga algo. - Fale. - Por que você me deixou viva todo este tempo? - Bem... Você descobriu que eu era um vampiro, e manteve o segredo. Me encheu a paciência, mas manteve o segredo. E eu sei que você tem - "Tinha" ela acrescentou -, tem uma atração por mim.
Ela ficou silênciosa por mais tempo.
- Tudo bem. Tudo bem... Eu sabia no que estava entrando. Mas, agora, se posso perguntar, como iremos resolver o caso daquela garota rica? - Siga-me.
Capítulo 5: (Don't Fear) The Reaper - Spoiler:
John e Dany desciam pela rua. Ela ainda estava um pouco chocada, mas já se recuperava. Ele coçava o nariz por hábito. Andaram calmamente, até que acharam um carro capotado. Era uma limusine, para ser exato.
- Achamos nosso carro - Começou John. - Realmente, não é à toa que ainda não tiraram-no da rua. É enorme. - Olhe ali dentro. - Ele voltou a falar - Ali está o corpo do marido dela. - Meu Deus! - Ela reclamou, tampando o nariz - Ele está fedendo! - Se seu corpo ficasse ao ar livre durante uma noite inteira, também ficaria fedendo. Vamos, temos que achar aquela criança.
Procurando um pouco, encontraram um rastro de sangue que saía do carro e ia em direção a um beco. Seguiram o rastro, que ainda parecia bastante fresco.
- Como será que a Lindsay não viu esse rastro? - Dany perguntou. - Muito provavelmente estava de noite. - Ainda assim, está de noite e eu vejo claramente isso. - ... Acho que é culpa minha isso. - O quê? O sangue? - Não, não. Você conseguir ver de noite. Só ficar ao meu lado já altera seus sentidos. - Interessante. Como que você vê a noite? - Como se fosse dia. - Deve ser triste, nunca poder ver o Sol. - É triste. Mas alguns de nós nunca apreciaram-no em primeiro lugar. - Existem mais vampiros? - Sim, sim. Como você acha que eu virei um? - Não fazia idéia. Acho que é bom, não ser o único da espécie. - Não no meu caso.
Dany iria falar algo, mas John a silenciou. No silêncio, ouviram a voz de várias crianças juntas, cantando uma melodia sinistra. Ao centro delas, estava um homem. O homem, John reconheceu, era Nathan.
Capítulo 6: Hells Bells- Spoiler:
O sino da Igreja soou. Uma vez. Uma vez. Uma vez. Doze batidas, meia-noite. Em sua entrada, estavam doze crianças, em transe. Em seu centro, lá estava Nathan.
- Jonny, Jonny the Wolf! Que nome. Ouvi falar muito de ti, garoto. - Nathan sorriu. Uma sensação de pavor misturada com prazer subiu a espinha de Dany. - Nathan. Pelo visto, o tempo lhe deixou diabólico. - Diabólico? Não... Apenas... Misericordioso. Decidi salvar a humanidade, ao invés de destruí-la. - Salvá-la? Quem são, então, essas crianças? - São meus filhos... Meus doces filhos, nascidos de humanos! Dhampirs, cada um com sua missão! - Seus filhos? Dhampirs? São filhos de outras pessoas, Nathan. Deixe-as ir. - Filhos - Ele começou a falar com as crianças -, ele quer nos matar! Quer destruir nosso destino prometido! - Destino prometido? - Vão! Ele irá matar cada um de nós! O homem mau irá nos matar! Salvem-nos!
As crianças se viraram. Olhos flamejantes de fúria. John sentiu o ódio vindo delas, percebendo a inaturalidade daquilo. Dany estava imobilizada de terror. Pegou-a pelo braço, correndo pelo beco.
Dany saiu de seu próprio transe, e começou a correr também. As crianças vinham logo atrás, gritando xingamentos, chiando, e atacando como podiam. Acabaram por arranhar profundamente o braço de Dany.
Foram impedidos quando Nathan apareceu na frente deles, com mais uma dúzia de crianças. Estavam cercados. Dany segurava o braço como podia. O vampiro estendeu a mão, com o sorriso diabólico à mostra.
- John, John... Olhe para você! Andando com mortais... Venha comigo mais uma vez. Lhe ensinarei sobre como ser um verdadeiro vampiro. Você terá poderes que nunca sonhara, nem em seus sonhos mais loucos! - John não se moveu. - O que você fez com as crianças, Nathan? - Estão apenas cumprindo seu destino. Assim como nós. John, Lilith está voltando. Logo este mundo será apenas cinzas, e nós reinaremos num mundo perfeito! - Lilith... - Sim, John. Lilith! Vamos, junte-se a nós! O fim é inevitável. - O fim? O fim talvez, mas você não é. Guarde essa mão. - Nathan ficou furioso. - Pois bem... Então adeus.
Ele sumiu em pleno ar, enquanto as crianças voltavam a atacar. John, sem pensar duas vezes, segurou Dany e pulou dentro de uma escadaria de incêndio. Ficou faminto.
- Argh... - Dany gemeu. Seu braço, conforme John viu, estava sangrando. - Calma. Isso melhora. - Quem era aquele Nathan?
John ficou em silêncio.
- ... Meu tio.
Capítulo 7: If You Want Blood- Spoiler:
- Seu... Seu tio? - Sim. Meu tio. Você acha que vampiros são criados como? Por simples acaso? Não... Somos transformados em por outros vampiros. - Mas então... Quem teria originado todos? - Lilith. - Espere. Lilith, a pessoa que o cara disse que estava voltando? - Sim. E é por isso que eu estou preocupado. Seu braço, não está doendo? - Sim, está. Muito. Mas eu agüento. - Você não vai agüentar muito se continuar sangrando assim. Aqui - John usava uma luva na mão direita. Tirou-a, demonstrando uma mão cicatrizada. Com essa mesma mão, pegou um maço de cigarros. - Fume um. - Mas... - Apenas fume um.
Relutantemente, Dany pegou um cigarro, e fumou-o.
- Não engula a fumaça. - Subitamente, sem o consentimento de Dany, John beijou-a. Ela relaxou, e deixou a fumaça ir da sua boca para a dele. Ele então voltou atrás, com a fumaça na boca.
Ele deixou a fumaça sair para sua mão direita - Sua esquerda ainda estava segurando-se na escada de incêndio - E, para a surpresa de Dany, ela se envolveu na mão dele, formando uma bola.
- Agora - John advertiu - Isso vai doer. Mas irá parar o sangramento.
Ele, tentando se controlar ao ver o sangue de Dany, colocou a mão em seu braço. Seu corpo se encheu de dor, enquanto a ferida era cauterizada pela fumaça. Por fim, Ela segurou ambas as mãos na escada, e subiu até o estandarte, seguida por John. Abaixo, as crianças continuavam berrando.
- Por que... - Dany estava furiosa - Você nunca quis nada comigo, mas, de repente, me beija! - John riu. - Eu não respiro. Não conseguiria fumar. E só consigo "curar" se estiver com algum tipo de névoa por perto, de modo que eu possa segurá-la com as mãos. - Por que, então, mesmo eu implorando, você nunca bebeu meu sangue, me tornou uma vampira? - Por quê? Vou te falar a verdade. Eu detesto ser o que sou. É desesperador, não conseguir se controlar ao ver sangue humano. Agora, de fato, meu corpo treme querendo bebê-lo, pois estou faminto. Mas, com você, eu acho que, se te mantivesse viva, estaria provando para mim mesmo que ainda sou humano.
Danyella ficou em silêncio por algum tempo, arrependida. As crianças haviam desistido, e voltaram para seu mestre, derrotadas. Por fim, John se levantou. Olhou para ela, e, com tristeza nos olhos, perguntou:
- Você consegue andar, ou eu terei que carregá-la até em casa? - Acho que perdi muito sangue. - Seu rosto estava mais pálido que o de John. - Não sei se consigo andar. - Tudo bem. Eu te carrego.
John pegou-a nos braços, e pulou de prédio em prédio, até chegarem na Broadway boulevard. Entraram no prédio, e depois no apartamento de Dany. O Sol raiava, deixando John preso.
John deitou-a na sua cama, bem barata, embora fosse de casal. Se preparava para sair, quando notou o Sol no horizonte. Fechou as cortinas, com pena de si mesmo.
- Dany. Dany, acorde. - Dany resmungou um pouco, tinha adormecido nos braços dele. - Dany, o Sol raiou. Eu vou para minha casa agora, dormir um pouco. - O quê! - Ela havia acordado de imediato agora. Sentia dor de cabeça, e cansaço. - Não! O Sol pode te matar! - Não se preocupe, eu sou forte. Ainda posso durar alguns segundos sob sua luz. - Não, John. É muito perigoso. Por favor, durma aqui por hoje. Durma ao meu lado. Tenho medo daquele Nathan. - Ela se fez de frágil. Ironicamente, John sabia que ela era mais forte que ele, mas deitou, cedendo.
Durante o dia, John acordou várias vezes, apenas para checar Dany. De fato, checar Dany era apenas o motivo que ele inventava. Estava excitado demais para dormir. Lilith poderia estar voltando.
Chegou a noite, e Dany acordou exausta. Estava ainda mais pálida. John ficou preocupado. Ela ficara febril durante o dia, e talvez o sangue que tivesse perdido tivesse sido demais.
- John...? John... Acho que vou morrer. - Não, não diga isso. Você vai melhorar. - John, estou fraca. Não tenho o sangue suficiente para viver. - Dany! Não diga isso! - Dany ia dizer algo, mas desmaiou. - Dany! Dany! DANY! Por favor... Acorde! Não me obrigue a perdê-la, ou castigá-la com minha maldição... Não quero ficar aqui sozinho... - John nunca percebeu, mas amava Danyella - Dany...
O pulso de Dany começava a esfriar. Se ele não agisse rápido, ela estaria morta para sempre. Em lágrimas - Ou o que restava delas -, ele mordeu-a. O prazer da mordida logo percorreu seu corpo lamentante, enquanto o sangue que restava se extinguia. Por fim, relutantemente derramou uma gota de seu próprio sangue, fechando o ciclo vampírico.
Capítulo 8: Heatseeker- Spoiler:
Dany acordou sozinha no quarto. Olhou a escuridão com uma clareza sobrenatural. Abriu as cortinas, perguntando-se que horas eram. Estava de noite. Procurou por John, que não estava ali.
Levantou-se, sentindo fraqueza e fome. Saiu para a cozinha, aonde tentou beber algo. Tossiu, engasgada. Não conseguia engolir nada. Cuspiu, e foi ao apartamento de John.
Ouviu vozes vindas de seu escritório. John falava como geralmente fazia quando se alimentava. Ela entre-abriu a porta, e viu-o conversando com um homem. O homem parecia desacordado.
- Entre, Dany. - Ela se assustou. - Mas... - Não se preocupe. Ele está sob meu comando. E você deve estar faminta. Entre.
Ela entrou, relutante. Viu que o homem não se movia. Ela sentou na cadeira de John, mas levantou assim que ele imitou um rosnado.
- Venha cá. - Ela foi, obediente. - Tenho que te confessar uma coisa. Você morreu ontem. - Eu morri ontem? - Sim. Você perdeu sangue demais, e morreu. - Mas... Eu ainda respiro. - Ah, isso não é nada. Cada vampiro tem suas próprias peculiaridades. Eu, por exemplo, posso controlar névoa, e virar lobo. Quão menor sua geração, mais poderes você desenvolve. - Estranho. - Sim... Estranho. - Sua mão tremia. - Quem é esse homem? - Um vagabundo. Chegou aqui drogado. Quebrei sua mente, e o pus em estado de serventia. Sabia que você iria acordar com fome. - Então eu devo... - Infelizmente. É nossa sina. Beber do sangue dos mortais, ou morrer. - Mas... - Beba, ou definhe. - Mas! - Escute-me. - John fitou-a. - Beba o sangue dele.
Contra a sua própria vontade, Dany se abaixou e mordeu o homem. Ele gemeu um pouco de prazer, e alguns minutos depois, estava morto. Dany acordou de seu transe, aterrorizada.
- Mas! O que você fez! - Sinto muito. Mas era o único jeito. Infelizmente, matar é algo que fica mais fácil depois da primeira vez. E você precisava se alimentar. - Você violou minha mente! - Já o fiz muitas vezes, quando era uma mortal. Nunca fiz nada de extremo, apenas impedi-a de entrar aqui... Mas apenas como vampira você começou a perceber. Ainda é fraca o suficiente para ser controlada. - Tudo bem - Ela sentou emburrada no chão. Uma vez que ficava irritada, era impossível acalmá-la. - Vamos, levante. Ainda temos que encontrar Nathan. - Encontrar Nathan? Você ficou doido? - Não temos escolha. Falando ou não a verdade, Nathan é uma ameaça. Ele não hesitará em matar-nos, ou pior. - Pior? - Nos escravizar. Nathan é o vampiro mais poderoso ainda existente, com exceção de Lilith. Mas essa não passa de mito. - Acho isso uma má idéia. - ninja-se o que você acha. Nós vamos - John retomou sua atitude posterior. - Hmmm... Estranho. Até mesmo algum tempo atrás, me recordo de você me amando. - Você deveria estar alucinando. - Certo... - Ela abraçou-o, sorrindo satisfeita. - Com certeza. - Escute, - John sacou uma arma - Não pense por um minuto que me importo com você. Apenas acho-lhe bastante útil por enqüanto. Entendido? Não pense que hesitarei em explodir sua cabecinha em pedaços. - Entendido, mestre. - Dany ironizou. - Você também gostaria de um chicote para poder me escravizar melhor? - ... Podemos ir logo? - Tudo bem, mestre. - Pare com isso. - Parar com o quê, mestre? Não te faço feliz? - Dany ria mais e mais. - Ah, dane-se. Vamos.
Alguns minutos depois, Dany já havia ficado entediada. Procuraram pelos rastros de Nathan, e John se lembrou - de relance - de um bar qual o vampiro freqüentava.
- Que espelunca! - Apenas pelo lado de fora. Nathan é muito caprichoso com seus estabelecimentos. - Ainda assim, ele conhece seu rosto. Como entraremos. - Com sua ajuda. - Minha ajuda? É bom isso não envolver algo de pervertido. - Apenas venha. - Sim mestre - Ela voltou a ironizar. John olhou para trás, e, com um sorriso que fez a espinha de Dany tremer, disse: - Guarde isso para a cama.
Dany e John entraram. Dentro do pub, o lugar era de luxo. Cadeiras excelentes mostravam-se aqui e ali. No centro, estava o vampiro, Nathan.
Capítulo 9: Stiff Upper Lip- Spoiler:
- Ah! John! - Fique aqui, e não se mova. Me chame de mestre, como antes. Isso ajudará. - John sussurou para Dany. Em seguida, se voltou para Nathan - Olá, colega. Nada como uma noite no clube, huh? - Ah, sim. Tenho boas memórias deste lugar. O velho Clube... Lembra-se dos nossos tempos de glória? - Seus, nunca foram meus. Mas ainda carrego minhas - Ele demonstrou a mão direita, que estava com a luva - marcas deste lugar. - A Marca... Sim, foi uma tragédia que tivemos que dá-la a você. Sempre fora um dos nossos melhores agentes. - Dany olhou para ele desconfiada. - Um dos melhores? Talvez. Mas o que vocês faziam eu não podia tolerar. - Bem - Nathan suspirou por hábito -, quem é essa doçura que você trouxe? - Uma oferta. - Dany surpreendeu-se. - Sei que você tem uma certa... "Queda" por noivas. - Nathan sorriu. Seus caninos se revelaram. - Danyella, venha aqui. - Sim, mestre! - Dany respondeu, tentando entender o plano de John, em alguma esperança que não tivesse sido traída. Sentou-se no colo de John, apenas para sussurrar em seu ouvido. - O que raios está fazendo? - Te vendendo. - John respondeu, satisfeito com a reação dela. Voltou-se para Nathan. - O que acha? - Realmente, é espetacular. Muito melhor que meus antigos capangas vem me trazendo. - Talvez você precise de capangas melhores. - Talvez? Enfim. O que você quer por ela? - Nada. É um presente. Divirta-se com ela - Ele sorriu diabolicamente. Nathan retribuiu. - Ora... Acho que você está recobrando o juízo, John. Vamos, faz tempo que nenhuma noiva tão bonita me aparece. - Dany olhou para John desesperada. Ele fez um sinal. - Sim, mestre. - Ela entendeu o plano.
Nathan pegou-a pelos braços. No quarto, ela já não conseguia mais disfarçar-se de noiva. Tentava escapar, ainda muito humana. Nathan fitou-a, tentando controlar-lhe a mente.
- Não! - Ela gritou - Pare! Eu não serei escrava de ninguém! - Ora! Você é minha! Seu mestre a deu para mim, lembra? - Dany parou, pensativa. Imaginava se era o plano dele ou uma forma de se livrar dela. - Mas, - Nathan recomeçou - Vejo que ele não teve a coragem de flagelar sua mente... Permita-me.
Nathan pegou-a pelo rosto, fitando-a. Ela começou a perder os sentidos, enquanto sua mente desistia de lutar. Do lado de fora, John observava, cauteloso. Assim que percebeu o que ocorria, entrou.
- Pare! - Nathan largou-a, irritado. Ela caiu no chão. - Você esqueceu as regras básicas dos Vampiros? Presentes são presentes! - Presentes? - Dany questionou. - Sim, minha cara - Nathan ajoelhou-se diante dela. - Seu antigo mestre a deu para mim. - Mas... Ele não era o meu mestre! Eu sou livre! - Quem a criou? Quem lhe transformou em vampira? - Ele. - Então ele é o seu mestre, e tem domínio sobre você. Mas, quando ele dá esse domínio à alguém, ele não pode mais te dominar... Ou pelo menos, não poderia! - Não dei domínio, pois não a dominava. Eu a criei livre, Nathan. Presentes são presentes, mas ela não era minha para dar. Agora, largue-a. É ilegal controlar outro vampiro livre. - Grrr... - Nathan se viu sem opção - Tudo bem. Leve-a.
Dany se levantou, e correu porta afora. John foi atrás. Mais tarde, ambos conversaram em seu apartamento. Ela ainda estava visivelmente irritada.
- Você me deu! Como se eu fosse um abajur, um objeto! - Me desculpe, mas era a única maneira de fazê-lo falar sem quebrar o código. - Código? Que código? - O Código Vampírico. Imagine-o como sendo como seu "Código de Guerra". Não podemos torturar vampiros, nem invadir suas mentes, a não ser que sejam noivas. - O que raios são noivas, hein, babaca? - Noivas, nunca leu "Drácula"? São vampiras criadas especialmente com o intuito de obedecer e satisfazer seu mestre. - Ah! Que maravilha! Sabe, esse tipo de coisa não pode acontecer! Isto é 1985! - Fale isso para os vampiros. Para nós, noivas são nossos pequenos objetos de prazer, mas ainda amamos as vampiras livres. Também existem os noivos, mas esses são mais raros, visto que vampiras preferem seus vampiros mais... Rebeldes. - John sorriu. Dany bateu em seu rosto. - Não venha com isso! Você é um babaca! Ele queria transar comigo, me fazer sua escrava, e você fica aí, sorrindo feito um retardado! - John riu. - Ora... Você acha mesmo que eu não tinha nada planejado? Nathan é muito suscetível, e mais, ele te deu as informações, não?
Dany virou-se para a janela, aborrecida. Por fim, concordou.
- Sim, ele deu. - John abraçou-a, irônico. - Então... Que tal... - Vá se ferrar.
Capítulo 10: You Shook Me All Night Long - Spoiler:
She was a fast machine Dany acordou sozinha, no apartamento de John. She kept her motor clean Levantou-se, e foi para a sala. She was the best damn woman Viu John olhando pela janela, deprimido. A música continuava alta. That I had, ever seen Ele notou-a, e começou uma desculpa forçada.
- Ei! Olha, me desculpa. Mas era o único modo. Eu me sinto horrível. She had the sightless eyes - Não... Tudo bem. No final, estou bem. E... Como que você está? Não vêm se sentindo bem desde que eu te contei os planos de Nathan. Telling me no lies - Me sinto um monstro. Desde que te transformei em vampira. Me sinto como se tivesse lhe roubado a vida.
Dany se aproximou de John, indecisa. Knockin' me out with those american thighs
- Está tudo bem, John. Está tudo bem... Taking more than her share
Um silêncio apoderou-se do quarto. Ao longe, o som de uma viatura policial se fazia ouvir. Had me fighting for air Ela abraçou-o. She told me to come but I was already there
Subitamente, 'Cause the walls start shaking John fitou-a, sem saber o que fazer. The earth was quaking Ela retribuiu. My mind was aching O silêncio se apoderou do quarto mais uma vez. And we were making it and You
Ela beijou-o. Shook me all night long!
Uma emoção mais forte que eles surgiu, transformando seus corpos em meras marionetes. O quarto girou, enquanto roupas voavam pelo ar. Duas formas, envoltas no sujo negócio do sexo.
You Shook Me All Night Long!
Algumas horas depois, ambos estavam na rua, num bar qual John dizia que "Era muito bom". Ambos estavam em silêncio. John porquê não sabia o que dizer. Dany porquê tinha coisas demais para dizer.
- Então... Nós... - John quebrou o silêncio. - Sim. Olha... Me desculpa. Eu não devia ter começado... - Não, não... Eu gostei. O maior problema é que eu queria não ter gostado. - Por que? - Tornaria as coisas tão mais simples... - Então, o que vai acontecer agora? Nós vamos fingir que nada aconteceu, e voltar a trabalhar no caso? - No caso nós iremos trabalhar de qualquer jeito, mas sim, eu acho que seria melhor. - Ora, John! Apenas Imagine o que você estaria perdendo! - Da última vez que um John resolveu "Imaginar", ele acabou levando tiros. - Como? - John Lennon. - Ah. Mas, John, você sabe que eu te amo. E sabe que me ama. - Não importa. Nunca dá certo. Amor foi feito para acabar. - Mas não vale a pena enquanto durar? - Não. Já amei antes, e nunca acabou bem. - Mas desta vez não precisa acabar. - Não. Nunca dá certo. - Bah! Seu babaca!
Dany empurrou-o da cadeira. Ele caiu para trás, batendo a cabeça com força.
Capítulo 11: Bohemian Rhapsody - Spoiler:
Num beco sem saída, uma mulher gritava de terror. As luzes da rua se apagaram, e ela gritou ainda mais alto. Tentava sair de qualquer modo dali, embora sua mente já desistisse.
Subitamente, gemera de prazer. Desistiu de fugir, apenas queria ficar ali, apreciando aquela sensação. Nem em seus mais loucos sonhos conseguiria imaginar tal coisa. Alguns instantes depois, estaria morta.
John entrou novamente pelos becos aonde encontrara as crianças pela primeira vez. Dany seguia atrás, ainda arrependida. Viram desde mendigos até drogados - O braço de John tremia -, mas nenhuma criança.
Viram uma coisa que parecia uma criança, e correram atrás. John sentia-se mais e mais fraco, e caiu inesperadamente. Dany ainda demorou um pouco para vê-lo no chão, e voltar.
- Hah! Você é engraçado demais! - Aquela mulher loira riu. Era extremamente bonita. - Ora, obrigado. Sabe, você é daquele tipo de mulher que só se encontra uma vez a cada milênio.
A cafeteria se fez visível. A mulher loira estava sentada numa mesa, com John ao seu lado, sorrindo. Ela pediu um café para os dois, e beberam. John estava deliciado.
- Então, John, com o que você trabalha? - Bom, Jude, eu sou um escritor. Não tenho, infelizmente, nenhum livro publicado, mas ainda ganho bastante com textos avulsos, etc. - Parece interessante. O meu trabalho que é extremamente entediante. Atender telefone o dia inteiro. - Mas, pelo lado bom, você não é uma dona-de-casa. - Sim, mas por favor, estamos em 1950! As mulheres já deveriam ser presidentes! - Quem sabe em alguns anos?
Os dois riram. Logo depois, um silêncio tornou-se presente. John estava nervoso, mas Jude já sabia o que fazer. Ela se inclinou até ele, e beijou-o. Seu coração delirou.
- John! John, acorde! - Dany gritou para ele. Gemeu um pouco, se levantando, com o corpo inteiro tremendo. - Des... Desculpe-me. Estou fraco demais... Dany, eu sou um viciado. Já não agüento mais isso... Odeio e amo essa desgraça. - Você pode andar? - Não. Estou tremendo muito. - Droga... John, temos que ir atrás daquela criança! - Vá. Eu ficarei aqui. - Não posso deixá-lo aí enquanto vou atrás de uma criança que pode até estar indo à Nathan! - Se você tiver outra idéia... - Você não consegue fumar, ou algo do gênero? - Não. Você é a única que consegue respirar. Eu não consigo respirar. Só conseguia me drogar bebendo o sangue de alguém já inebriado. - Você tem a droga aí? - O quê? Sim, tenho... - Ele pegou um saco. Dentro tinha um pó branco - Mas aqui não tem ninguém. - Tem eu. - Ela cheirou rapidamente o conteúdo. Sentiu-se forte, e ao mesmo tempo fraca. Era uma sensação estranha, embora fosse deliciosa.
Lembrando-se, ela estendeu o braço para John. Ele mordeu, bebendo o sangue. Sangue vampírico, diferente do sangue normal, é altamente viciante, de modo que Dany teve que tirar os dentes de John do seu braço.
John ajeitou o cabelo, nervoso. O smoking estava um pouco largo, mas apenas o usuário conseguia notar. Ele pegou um cigarro, nervoso. Mas abaixou-o, decidido a não fumar naquela noite. Guardava no bolso uma pequena caixa.
John e Dany corriam pelos becos, sem dar muita atenção aos moribundos e vagabundos. Chegaram ao fim da estrada, em frente a um lugar que John reconheceu como uma Igreja. Não apenas uma Igreja qualquer.
Naquela ocasião, a Igreja estava destroçada e abandonada, mas antes ela já fora bela. Numa ocasião, aquela Igreja já fora sede de um evento de proporções épicas. Não apenas um evento, o marco de uma nova era. Uma era de tristeza, amor, e drogas.
Mas John não reconheceu a Igreja. Apenas achou-a familiar. Os dois entraram. Ela estava em estado precário, seus bancos todos estavam destruídos. A cruz estava pela metade.
Duas pessoas andavam por entre vários bancos, uma dama e seu pai. O homem esperava no altar, com seu smoking. Sorriam os dois, para o dia mais feliz de suas vidas.
John andou pelo mesmo caminho, tentando descobrir daonde conhecia o lugar. Ouviu um grito vindo de Dany, e, olhando para trás, viu-a sendo segurada por uma mulher. Ela estava bebendo seu sangue.
Capítulo 12: Hey Jude- Spoiler:
Dany nunca havia experimentado o prazer de uma mordida vampírica antes - Quando se tornou uma, estava desacordada -, e aquilo era novo para ela. Era uma sensação boa, quente, prazerosa. Como cinco orgasmos ao mesmo tempo.
Mas, ao mesmo tempo, sabia que se não fizesse nada, iria morrer. Olhou ao redor, mas não conseguiu ver sua atacante. Viu crianças, e John gritava algo que ela não compreendia.
- Largue-a! - John berrava. Dany ainda estava absorta em prazer demais para compreender. - Largue-a agora! - A atacante não lhe deu ouvidos. - Largue-a agora, estou lhe avisando! - Ele finalmente sacou uma arma. A mulher parou, fitando-o. John encontrou-a familiar, embora não pudesse lembrar quem era. - Ora, ora... John. Meu querido John. - Neste momento, Dany já havia recobrado os sentidos, e ouvia atenta. John reconheceu-a. - ... Jude. - Sim! Sua querida Jude! - Eu... Eu pensei que você tivesse morrido. - Não! Morrer eu morri! Mas fui amaldiçoada com este corpo mundano, e uma luxúria indigna! Tudo presente de você, querido! - Jude, largue-a. Ela não tem nada a ver com isto. - O quê? Nada a ver? Ela tem tudo a ver! Ela é sua nova... namoradinha! O que acontecerá em cinco anos, você se cansará dela também e a dará para Nathan, como fez comigo? - Jude... - Os olhos dele se encheram de lágrimas - Não foi do meu intento. Eu era um recém-nascido. Eu ainda não sabia o que significava ser um vampiro. - Deveria ter pensado antes! Você me usou e me usou, e depois me jogou fora! - Jude... Não faça isso com ela. Eu não te joguei fora... Eu fugi! Você não era mais a mesma! Nunca foi! Desde aquele dia eu venho me odiando por ter feito o que fiz. - Hah! Não me venha com essa. - John? - Dany finalmente falou. Jude fitou-a com desgosto, e zombou: - Ah! Você pode falar. Pensei que John tivesse removido suas cordas vocais. - John, quem é essa mulher? - Dany, essa mulher é... - Bom, doçura, eu sou a esposa de John.
Capítulo 13: Come Together- Spoiler:
Dany acordou. Sentiu o chão gelado - Ou teria sentido, se não estivesse morta. Levantou-se, sentindo o ar gélido e úmido contra sua pele. Percebeu que estava em uma cela. Tentou escapar, sem sucesso. Não haviam janelas, apenas a grade que fechava a quarta parede.
Horas se passaram, até que ela ouviu um abrir de portas ao longe. Passos. A porta se abriu. Ela tentou correr, mas foi agarrada. Injetaram uma agulha em sua pele, e ela caiu, em torpor.
Acordou. Estava com mordaças, presa por correntes em posição de cruz. Não conseguia falar, ver, ou se mover. Ao fundo, ouviu vozes. Reconheceu uma delas como sendo a de Nathan. Tentou falar. Não conseguiu. Tentou se mover. Não conseguiu.
- Ah. Nossa hóspede acordou. Tirem sua venda, é hora de tortura.
Rapidamente ela voltou a ver. A mesma cela, mas agora ela estava incapaz de se mover. Nathan ria enquanto a encarava de cima a baixo. Ela percebeu, para seu próprio desgosto, que estava nua. Nua e sem defesas, como Nathan adorava.
- Danyelle, Danyelle... Eu estou pasmo. Como pode uma vampira tão linda... Ainda ser tão inibida? Temos que mudar isso. Seu corpo, Danyelle, é um presente. Um presente para o mundo. Um presente para nós, para mim.
Danyelle tentou revidar, mas acabou resmungando. Rindo, Nathan ordenou que lhe tirassem a mordaça.
- Meu corpo, é meu para sentir prazer. Mas eu quem escolho quem o dá para mim. Sou uma mulher livre, Nathan. Agora, pare com esse palavreado fajuto, e me deixe ir. É contra o código vampírico manter uma vampira contra sua vontade. - Ha! Aí que você se engana, Dany. Vampiras foram feitas para nos agradarem, nossos objetos, e, por isso, podem ser dominadas por qualquer um. Você agora pertence à mim, Dany. - Pode dizer isso, mas eu nunca me deitarei com você. - Veremos... Comecem.
Dany sentiu o sangue de outros, em seu corpo, gelar, enquanto os dois ajudantes de Nathan pegavam seringas. Continham líqüidos verdes, mas que ela lembrou de John falando sobre: Menflax.
Menflax se tratava de uma droga inexistente para os farmacêuticos, por nada causar à seres humanos. Mas, em vampiros, Menflax tinha o poder de inibir as faculdades mentais, assim como funcionar como um afrodisíaco.
Ela tentou lutar enquanto os homens se aproximavam de seu corpo nú. Não daria à Nathan o prazer da vitória. As agulhas perfuraram suas veias, enquanto ela se controlava para não berrar. Sentiu de imediato sua mente ficando enevoada.
Nathan fez um gesto, e novamente sentiu uma picada. Mais uma dose. Sua mente antes enevoada, partiu para um estado consciente/inconsciente. Ela podia sentir e podia ouvir, mas não tinha a qualificação suficiente para reagir ou pensar. Era a boneca de Nathan.
Nathan a beijou, e ela retribuiu. Os ajudantes guardaram suas seringas, e se retiraram da cela. Ele teria o prazer que desejasse aquela noite. Dany obedecia cada palavra dele, por mais nojento que fosse para seu subconsciente.
John acordou. Estava com dor de cabeça, e sentia a morte dançando por perto. Ouviu gemidos vindos de algum lugar abaixo, enquanto eram interrompidos por chicotadas. Ele não conseguia ver nada. Ouviu, de relance, a voz de Dany, mas depois disso o silêncio imperou.
Nathan segurava, vitorioso, um chicote. Aos seus pés, estava Dany, de quatro. Sua vagina e ânus sangravam, conforme ele balançava seu braço armado. Ela gemia a cada batida, cada vez perdendo mais e mais sua vontade própria.
Por fim, Dany era uma marionete, a escrava de Nathan. Mas, para ele, aquilo não bastava. Ele a tinha violado, torturado, e feito sua lavagem cerebral, mas, como ele bem sabia, lavagens cerebrais poderiam ser desfeitas. Ele segurou seu belo rosto, que continha uma mistura de sangue e um líqüido branco pegajoso.
- Dany... Você está me ouvindo? - Sim... - Dany, eu quero que você repita depois de mim. - Sim... - Pro umquam ego vadum exsisto vestri, Meus rex rgis , meus vinco. Haud res quis to order, EGO vadum usquequaque pareo, Pro ego sum vestri, Vestri mancipium, vestri Nathan.
Obediente, Dany repetiu cada palavra. Assim que a última fora pronunciada, o brilho de seus olhos desapareceu. Sua vontade tinha sido totalmente aniquilada. Ela se levantou, abraçando Nathan, entre gemidos. Era agora, sua Noiva.
Capítulo 14: Sympathy for the Devil- Spoiler:
Raios de luar decaíram-se sobre o corpo nú e amarrado de John, enquanto esse dormia num sono forçado. Sonhava com as alegrias de sua antiga vida mortal, em New York, como um repórter falido. Talvez não fosse o topo da felicidade, mas pelo menos ele sentia o Sol em suas costas.
Lembrou-se da sua velha Indian, e de andar pela rota 66. Era um tanto clichê agora, mas em 1950, aquilo era o máximo. Era a era Beatnik, e era exatamente sua liberdade. Agora ele era um coitado. 60 anos, com cara de trinta. Sentiu - Em suas memórias - o vento em seu rosto, quando foi acordado por uma chicotada.
Um gemido de dor ousou sair por entre seus dentes, contido imediatamente por seus lábios. Abriu os olhos. E o que viu o fez desejar que nunca os tivesse aberto. Dany estava fitando-o. As roupas que usavam pareciam ter sido escolhidas por Nathan - E, de fato, eram.
- Dany...? - Outra chicotada. - Dany! Pare com isso! - Mais uma. - Da... - John parou. Sabia que falar só iria prejudicá-lo. - John Wolfgang - Dany começou. Desprezo evidenciava-se em sua voz - Você me enganou tempo demais. - Te... Enganei? - Quieto! - Mais outra - Depois de tudo que você me fez! Eu deveria matá-lo! E irei. Mas primeiro, irei me divertir um pouco. Fazer você sofrer um pouco do que você me fez sofrer. Que tal? - John não respondeu. - Ha! Muito sensato... - Ela deu outra chicotada. John percebeu que ela fazia vibrar as cordas, e que, uma delas, a do pulso direito, estava se rompendo.
John passou a última hora sendo chicoteado, e torturado de quaisquer maneiras Dany achasse conveniente. Por fim, para sua sorte, a corda do pulso se rompeu. Ele, rapidamente, cortou as outras com suas unhas. Dany tentou correr para fora do lugar - Que ele percebeu, era um porão -, mas ele a impediu.
Dany estava amarrada, com a luz do luar sobre suas costas. Estava com mordaças, para impedir seus crescentes insultos à John. Ele estava tentando pará-la, quando ouviu passos do lado de cima do porão. O que quer que fosse fazer, teria que esperar.
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